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MATERIAS



INTRODUÇÃO

            O século XIX pode ser considerado um período marcante na história da África por uma série de factores, dos quais vale destacar aqui dois deles, o fim do tráfico escravo e a colonização europeia.

            Ainda no início do século, as relações da África com o resto do mundo começariam a mudar significativamente dada a iniciativa britânica de acabar com o comércio escravo. A princípio, a proibição restringia-se às colónias e navios ingleses, mas a grande hegemonia comercial e naval inglesa constituída nesse período ajudou a ampliar a abrangência da medida para as demais nações européias1. Do lado africano, diversas sociedades que haviam se constituído, ao longo de quase três séculos de intenso tráfico escravo, em estruturas fornecedoras de braços para as economias americanas, passariam por novas reestruturações com o final desse comércio, deixando paulatinamente a exportação de escravos e passando a utilizá-los cada vez mais internamente como força de trabalho.

 

 

DESENVOLVIMENTO

África no  século XIX

            Já no último quartel do século, as relações do continente africano com o exterior, que até então permaneceram quase exclusivamente comerciais – com excepção das possessões coloniais portuguesas – sofreram uma nova transformação radical. A África foi militarmente invadida e em pouco mais de 30 anos, entre a década de 1880 e 1910, praticamente toda a extensão continental estava constituída por colónias de países europeus, e portanto, nominalmente controlada, com maior ou menor proximidade, por governos estrangeiros.

            A rapidez da conquista colonial não deve, no entanto, levar a conclusões rápidas sobre a presença anterior de europeus no continente. De fato, até meados do século XIX, essa presença era bastante insipiente. Como exemplo pode-se mencionar a presença inglesa na costa da atual Nigéria, a qual, segundo Phillip Ehrensaft, não ultrapassava em média 300 homens.

            Até esse momento, o funcionamento do comércio africano com o Atlântico estruturava-se com a presença de poucos europeus em estabelecimentos costeiros que recebiam a mercadoria – majoritariamente escravos – que chegavam à costa através de uma rede terrestre controlada por africanos. A excepção aqui fica por conta das regiões controladas por portugueses, na costa da África Centro Ocidental (actual região de Angola), nas quais uma proporção maior de europeus, e principalmente de mestiços euro-africanos permanecia residente e negociava cada vez mais no interior.4

            Diversas são as razões sugeridas na historiografia para configuração dessa conjuntura. Desde a sugestão de que o controle territorial directo estava fora dos planos dos países europeus até o final do século XIX, passando por indicações de resistência efectiva da elite africana que pretendia manter sua posição de controle nesse comércio, até o fato de que o ambiente africano era mortal para os europeus, especialmente em razão das doenças tropicais que os atingiam com grande intensidade.5

            De outra perspectiva, foi também em meados do século XIX que começaram a se consolidar na Europa uma série de disciplinas científicas, tais como a geografia e a antropologia. Em grande parte, as demandas dessas disciplinas estavam conectadas com o interesse cada vez maior da Europa no conhecimento do continente africano.

            Na Inglaterra, ideologias liberais por um lado, e filantrópicas por outro, orientavam a repressão ao tráfico escravo e fomentavam a idéia da necessidade de uma nova forma de envolvimento com o continente africano. A ampliação de formas de comércio que excluíam o tráfico escravo, e a “missão civilizadora” entravam na agenda da grande potência européia entre o final do século XVIII e a metade do século seguinte.

            Era preciso, para isso, mapear o interior da África, virtualmente desconhecido então, em suas riquezas e potencialidades de maneira a ampliar as relações comerciais, bem como era também necessário constituir uma nova legitimidade para essa nova forma de relação que esboçava-se entre a Europa e a África. Assim, as disciplinas científicas européias que se institucionalizavam seriam ao mesmo tempo formadas em parte pelo interesse no continente africano, e em parte formatariam essas novas formas de envolvimento – no limite a própria invasão colonialista – que estavam por se desenrolar ao longo do século.

            Os dados fundamentais para o desenvolvimento dessas disciplinas seriam coletados ou prospectados pelos chamados “viajantes”. É preciso, entretanto, um certo cuidado com essa denominação genérica. Eles vinham dos mais diversos extratos sociais, e tinham as mais diversas funções, eram missionários, militares, comerciantes, naturalistas, entre outros, cujas visões e concepções partiam de pressupostos e interesses diferentes, e cujos textos seriam lidos de acordo com a perspectiva européia em transformação.

            As viagens britânicas ao interior praticamente começaram com Mungo Park, que penetrou no interior africano, na região do Rio Níger entre 1796-1797, financiado pela recém fundada African Association com intuito explícito de ajudar a fomentar o comércio direto com a região do interior africano. A viagem de Mungo Park forneceu dados sobre as potencialidades comerciais da região interiorana da África próximas do Rio Níger, incentivando assim uma série de outras tentativas.

            A princípio financiadas por capital privado, tais como as viagens de mapeamento do curso do Níger empreendidas pelos irmãos Lander na década de 1830 – que mostraram pela primeira vez a navegabilidade do rio por barcos à vapor europeus –, essas iniciativas foram seguidas pela expedição oficial do governo britânico ao Níger, proposta por Thomas Fowell Buxton, com intuito de estabelecer um assentamento definitivo, incentivar a agricultura e o comércio, cujo objetivo principal era acabar com a escravidão e o tráfico escravo no local. Os resultados da expedição, entretanto, foram frustrantes para a Inglaterra, em grande parte devido à enorme mortalidade entre a tripulação.

Consequência do tráfico de escravo

            A escravatura praticava-se em África muito antes de 1500. O tráfico de escravos era praticado paralelamente com uma contínua escravatura interna. Entre os africanos havia escravos de “família “ ou de “guerra”, variando de região para região o modo como eram explorados. Após esse ano, o tráfico de escravos é agravado por uma nova dimensão intercontinental: o transporte para as Américas com a sua impressionante história e consequências ainda não completamente avaliadas. O tráfico era quase sempre organizado através de “contratos” entre parceiros comerciais europeus e africanos. O recrutamento era confiado a “contratadores”, que adquiriam este direito mediante o pagamento de licenças. Os europeus não se envolviam directamente na caça aos escravos e preferiam comprá-los aos africanos que se encarregavam de os capturar.

Os mercadores europeus permaneciam junto à costa onde os seus parceiros comerciais acorriam para entregar de escravos capturados em guerras ou em ataques organizados, em troca dos mais variados objectos, em geral de pouco valor. O grande desenvolvimento do tráfico de escravos negros, na segunda metade do século XVI, foi impelido pela necessidade mão-de-obra para as plantações tropicais americanas principalmente de cana-de-açúcar e de algodão.

            No continente africano, a escravatura desencadeou uma gigantesca movimentação de populações. É de salientar as perniciosas consequências sociais e económicas deste tráfico que privou as populações dos seus membros mais vigorosos e dinâmicos, paralisou o desenvolvimento da actividade produtiva. A procura dum refúgio seguro e a instabilidade verificada entre as populações causou diversos movimentos migratórios a uma escala variável com o tempo e o lugar. Foi, além disso, a maior migração forçada intercontinental de sempre.

Tornaram-se destrutivos os efeitos dum círculo vicioso de trocas comerciais, armas de fogo por escravos, e escravos por armas de fogo que seriam usadas na captura de mais escravos e, assim por diante, indefinidamente. Muitos povos ocupam os seus actuais territórios em consequência das deslocações provocadas pelo tráfico de escravos. Desapareceram dos povoados os indivíduos mais jovens, mais vigorosos e sãos. Tratando-se de populações essencialmente agrícolas, a produção e a acumulação de bens alimentares mergulharam num caos generalizado, que destruiu o processo produtivo. O tráfico de escravos instalou a guerra entre as tribos e a violência no interior das próprias tribos. Os chefes do litoral passaram a ver os seus súbditos como uma mercadoria e a guerrearem-se uns aos outros para venderem os seus compatriotas. Os povos africanos eram impotentes perante as armas de fogo dos negreiros europeus. As revoltas eram frequentes, mas selvaticamente reprimidas. É difícil de estimar a amplidão deste tráfico que se manteve durante séculos a uma cadência acelerada.

O estudo do processo de escravização dos povos africanos é essencial para que se compreenda a situação atual de desigualdade no planeta. Revela uma longa história de exploração e subjugação de populações fragilizadas por outras, mais equipadas. Demonstra também que a desestruturação económica e cultural tem efeitos desastrosos de longa duração.

Do ponto de vista económico, a escravidão foi uma forma eficiente de acumulação primitiva. No que diz respeito às pessoas foi uma violência irreparável, que pressupõe, dentre outros factores, a existência de povos muito pobres, mão-de-obra excedente que possa ser explorada em benefício de outros, poucos. Assim, parte do actual contexto socio-econômico da África de miséria e exclusão, é consequência de fatos passados.

 

A política portuguesa no Oriente procurava dominar o comércio e a navegação no oceano Índico (e cobrar os respectivos impostos). Os Portugueses tentaram impor o uso de entrepostos comerciais sob seu domínio (onde se cobravam taxas alfandegárias) e a partir da venda de protecção a todos os navios que cruzassem aquele oceano9 gerava-se uma renda (quer para o Estado, quer para os funcionários da coroa, por meios legais ou pela corrupção10).

 

Além disso, tentavam também retirar proveito do comércio asiático, organizando viagens comerciais em rotas estabelecidas (carreiras), por exemplo, de Goa para Macau e Nagasáqui11. Depois de meados do século xvi, a coroa participou menos no comérciointra-asiático. Além da organização imperial (o aparelho militar-burocrático dominado pelos funcionários da coroa), os mercadores e aventureiros portugueses lançaram as suas próprias especulações, que se tornaram mais independentes do controle estatal no Extremo Oriente.

Abolição do tráfico de escravo

            Os navios de guerra não agiam somente na costa africana. Desde 1816, na Conferencia de Londres, proposições francesas contra o tráfico dito “berbere” tinham sido rechaçadas: aliás, elas não representavam senao uma tentativa para tornar menos urgente a repressão militar no Atlântico. Mas em 1823, a França adoptou uma disposição proibindo a seus navios o transporte de escravos pelo Mediterrâneo. Esta decisão inscrevias se em um contexto político que não tinha muito a ver com o tráfico: guerra da Espanha, libertação dos Gregos, apoio ao Egito de Muhammad ‘Alī – enfim, tentativa de domínio deste mar fechado, antes mesmo da intervenção directa francesa na Argélia. Momentaneamente a Inglaterra havia sido ultrapassada. Entretanto, as operações dos navios não tiveram resultados visíveis. A repressao militar era mais séria em algumas águas do Oceano Índico, principalmente entre a ilha Maurício, Madagascar e a Reuniao.

 

Os navios ingleses capturavam navios franceses; e é verossímil que alguns negreiros ingleses de Maurício tenham ido procurar escravos em Madagascar, onde o chefe Jean‑ René exercia seu domínio sobre Tamatave. Em caso de tomada “internacional”, regularizava‑ se o assunto restituindo o navio, mas não os africanos que ele transportava. Em caso de apreensao por um navio nacional,

Evolução histórica do continente ao longo do tempo

                A história da África é conhecida no Ocidente por escritos que datam da Antiguidade Clássica. No entanto, vários povos deixaram testemunhos ainda mais antigos das suas civilizações. Para além disso, os mais antigos fósseis de hominídeos, com cerca de cinco milhões de anos, foram encontrados na África, permitindo considerá-la o "berço da humanidade".

                O Egito foi provavelmente o primeiro estado a constituir-se na África, há cerca de 5000 anos, mas muitos outros reinos ou cidades-estados se foram sucedendo neste continente, ao longo dos séculos. Podem referir-se os estados de Kush e Meroé, ainda no nordeste de África, o primeiro estado do Zimbabwe e o reino do Congo que, aparentemente floresceram entre os séculos X e XV.

                A estrutura moderna da África, em termos de divisão entre estados e línguas de trabalho, no entanto, resultou da partilha da África pelas potências coloniais europeias na Conferência de Berlim. Com excepção da Etiópia, que só foi dominada pela Itália durante um curto período, e da Libéria, que foi um estado criado pelos Estados Unidos da América durante o processo de abolição da escravatura, no século XIX, todos os restantes países de África apenas conheceram a sua independência na segunda metade do século XX.

 

 

CONCLUSÃO

                A África é parte da massa terrestre do Velho Mundo que contém alguns dos mais antigos fósseis proto-humanos conhecidos. Para Charles Darwin, foi o continente que primeiro testemunhou o aparecimento do homem, afirmação mais tarde reforçada por notáveis historiadores, entre os quais Pierre Teilhard de Chardin. Além disso, é à fauna africana que pertencem os dois primatas mais próximos do homem: o gorila e o chimpanzé.

A opinião conservadora tende, porém, a considerar a Ásia como o centro das origens humanas, " em parte por influência de antigas ideias históricas e filosóficas e em parte devido às descobertas de macacos do Mioceno e Plioceno, bem como do Pithecanthropus erectus, em Java (1891), e do Sinanthropus pekinensis, na China (1929).